Reisado

01/12/2020

O reconhecimento do reisado como patrimônio brasileiro, foi reinvindicado em seminário no IV Encontro Mestresdo Mundo, encerrado no último sábado 06/12/08. Segundo o pesquisador cearense Oswald Barroso, “O reisado é um folguedo que se desenvolve no Brasil inteiro, com uma variedade imensa e uma importância enorme para as diversas artes. Mapear essa manifestação, para esse processo de registro seria um desafio enorme, dada a sua complexidade e diversidade”. Juntamente com a capoeira, agora teremos a certeza que essa bela festa popular, será preservada para o deleite de gerações futuras.

REISADO

O Reisado é uma das pantomimas folclóricas mais ricas e mais apreciadas, principalmente no Nordeste. Faz parte do repertório das Festas Jesuínas, e é apresentado de 24 de dezembro a 6 de janeiro, isto é, pelo Natal, Ano Bom e Reis. O Reisado é formado por um grupo de foliões, de pastores e pastoras que se reúnem numa espécie de rancho, com o fim de visitar as casas das pessoas mais gradas e hospitaleiras da região, a cantar e a dançar. O reisado apresenta diversas modalidades e compõe-se de várias partes: a) abrição da porta; b) entrada; c) louvação ao Divino; d) chamadas do rei; e) peças de sala; f) danças; g) a guerra; h) as sortes; i) encerramento da função. Tem como principais personagens: o rei, o mestre, o contramestre, Mateus, Catarina, figuras e moleques.

Indumentária:

Rei

– culote até os joelhos, terminado por franjas, blusa de cetim de cor diferente com mangas compridas; no peito, espelhinhos; manto de cetim dourado que cai até os joelhos; coroa de ouro, cetro.

Mestre

– chapéu de palha, forrado de cetim, de aba dobrada na testa (como usam os cangaceiros) adornado com muitos espelhinhos, bordados dourados e flores artificiais; da parte não dobrada da aba pendem fitas compridas de cores variadas, saiote de cetineta até a altura dos joelhos, de cores vivas, com grega de galões largos; por baixo saia branca, com dois ou três babados; blusa, peitoral e capa. Contramestre – idêntica à do Mestre, porém menos pomposa.

Mateus

– paletó e calça de brim com placas de remendos, alpercatas de couro cru, chapéu de palha enfeitado com espelhinhos e franjas, penduricalhos ao peito, como se fossem medalhas, cantil e bornal a tiracolo; pandeiro, espingarda de bambu.

Catarina/Catirina (palhaça) – roupa de tecido xadrez, de maneira a lembrar um palhaço.

Figuras – trajes idênticos ao do mestre, porém mais pobres e mais simples.
Inicia-se o folguedo com o rei seguido do mestre e do contramestre e acompanhado de meninos que trazem grandes candeias de querosene, conduzindo o reisado. Atrás seguem os dançadores de entremeios, com baús cheios de máscaras e trajes. Entoam marchas ao som de violas, harmônicas, maracás, rabeca, pandeiros e vão em demanda das casas onde celebram sua função.

Abrição da porta:

O mestre dirige a evolução do episódio por meio de apitos. Canta-se e dança-se com volteios altivos e elegantes. O reluzir dos espelhos e das lantejoulas produz grande efeito pictórico. Mateus vai aboiando dando uma nota de comicidade à função. Terminam pedindo licença para entrar.

Entrada:
Entram os tocadores, criando animação, seguidos do rei, do mestre, do contra-mestre e das figuras, portando-se todos com garbo e imponência. Cantam a peça da entrada e fazem elogios ao dono da casa. Executam marchas e contramarchas em ritmo ligeiro e com passos arrastados.

Louvação ao Divino:
O reisado dirige-se ao presépio ou à capela da casa visitada. Ajoelham.
Cantam em louvação ao Divino, ao som da música, mas os maracás são abafados com as mãos para produzir um som surdo. Voltam à sala. O rei ocupa o trono. As figuras colocam-se em duas filas. Realizam-se, então, os entremeios, os episódios de guerra e as embaixadas. O mestre dirige a peça.

Chamadas do rei:
Ao fim de uma peça, ou de um entremeio, o rei levanta-se do trono, chama o mestre e com ele cruza sua espada, em ressoantes entrechoques, enquanto estabelece com ele uma série de embaixadas.

Peças de sala:
Antes e depois das embaixadas, são cantadas e dançadas as peças de sala. Estas são críticas, comentários, sátiras sobre fatos ou acontecimentos ligados à vida de pessoas ou do povo da região.

Danças:
As danças são numerosas e variadas, como, por exemplo, a dança do gingá com o entremeio da mamãe velha.

A Guerra:
O mestre apita e o primeiro embaixador atende. Cruza espadas e inicia embaixadas de guerra, primeiro com o mestre, depois com o rei. Quando chega a vez do segundo embaixador, as embaixadas já se tornam cansativas, repetindo-se as batidas de espadas. Por fim, todos os figurantes, inclusive o rei e o mestre se empenham na luta e o combate se torna geral.

As sortes:
Todos os figurantes, até o próprio rei, atiram seus lenços aos donos da casa e à assistência. Estes os devolvem com dinheiro dentro. Recolhidas as sortes, o mestre apita e as filas de dançarinos se afastam para os lados. Então começam os entremeios. Estes são composições teatrais, jocosas, burlescas, como o bumba-meu-boi, o cavalo-marinho, etc.
Encerrados os entremeios, voltam as danças e cantorias de peças, sucedem-se as embaixadas até que sejam apresentados novos entremeios. Note-se, de passagem, que os personagens dos entremeios não tomam parte nas danças das embaixadas.

São os entremeios que dão maior brilho a esta dança dramática e são tão apreciados que alguns são apresentados mesmo fora de sua época como, por exemplo, (o famoso bumba-meu-boi, o boi simboliza o do presépio) que, inicialmente, era o principal entremeio do reisado e é levado agora também nas Festas Juninas.

Muitos destes entremeios, deliciosos quadros independentes, revelam um espirito chistoso, outros se inspiram em motivos míticos ou totêmicos, como o Zabelê.

Folharal:
Nesta dança, o personagem oculta a cabeça sob uma cabaça donde pendem longas folhas de samambaia, traja um camisolão coberto de folhas e capim. Aumenta seu fantástico aspecto quando os longos cabelos de samambaia esvoaçam nos continues rodopios dados pelo bailarino.
Zabelê: O dançarino, disfarçado num saco pintado, usando máscara com bico, dança e assobia, imitando o pássaro jacu.

Curiabá:
O dançarino imita o macaco, se coça dançando e faz mil trejeitos engraçados.

Sapo Cururu:
Agachado no chão, o dançarino coaxa e dá estranhos pulos.

Alma, Diabo e Miguel:

É um entremeio que deixa a assistência suspensa e trêmula de medo. A alma, envolta em lençol branco, desfiando um rosário, gemendo, aparece. Foge do Diabo que, todo vestido de vermelho com rabo e garras afiadas, a persegue. Agarra-a mas quando já a arrasta para o inferno, interpõe-se no seu caminho o anjo São Miguel, geralmente representado por uma moça, de asas brancas e espada em riste. Trava-se uma luta entre ele e o Diabo que é vencido. Há um forte estouro de pólvora na sala e o Diabo aproveita a oportunidade para desaparecer da cena. Suspiros de alívio na assistência.
Entre inúmeros outros, podem-se ainda citar o Lobisomem, o Matuto e o Fantasma, o Capitão de Campo, o Pescador e a Sereia.

E assim, os artistas que representam os entremeios aproveitam cada embaixada para correrem aos baús por eles trazidos no cortejo, de onde tiram febrilmente suas fantasias inesgotáveis.

Data de registro: meados do século XX (~1950)

Pesquisado no Site: https://www.geledes.org.br/reisado

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